Anúncios Google

Apoio incondicional

Previsão do Tempo em algumas cidades do Continente Brasileiro

Seguidores

Marcadores

Dicionário de Geografia (5) Chile (4) Furacões (4) efeito de um terremoto (3) terremoto (3) Angra dos Reis (2) Caros Amigos (2) Conhecimento Prático Geografia (2) Dicionário (2) Eleições 2010 (2) Furacão Bill (2) Veja (2) geografia (2) glossario (2) glossário de Geografia (2) revista (2) A guerra no Rio (1) A história das coisas (1) Ab'saber (1) Abalo Sísmico. (1) Amazonas (1) Atmosfera (1) Auto-aniquilamento (1) Aziz Nacib Ab' saber (1) Bacia Hidrográfica - Esquema (1) Bakunin (1) Big Stick. (1) Boaventura de Sousa Santos (1) CO2 (1) CONCENTRAÇÃO DE CO2 (1) Campeonato Brasileiro (1) Capitalismo (1) Carta na Escola (1) Censo 2010 (1) Chico Xavier (1) Clique na imagem para ampliar (1) Collateral Murder (1) Decifrando a Terra - digitalizado (1) Demerval Saviani (1) Desmatamento (1) Dilma Rousseff (1) ENEM 2010 (1) Eduardo Galeano (1) Efeito Estufa e Gases Estufa (1) Enem (1) Frei Betto (1) Geo-Referências (1) Geógrafos (1) Global Warming (1) Globo (1) Globo - Visitantes (1) Governos_nacionais_e_internacionais (1) Greve (1) Greve dos Professores de Minas Gerais (1) Guarantã do Norte (1) Haiti (1) Honduras (1) Horizonte Geográfico (1) Horário de Verão (1) IBGE (1) Iluska Coutinho (1) José Serra (1) Le Monde Diplomatique Brasil (1) Localização e Orientação (1) Luiz Eduardo Soares (1) Luís Lopes Diniz Filho (1) Mano Brown (1) Milton Santos (1) Milton Santos - Biografia (1) Milton Santos - Homenagem (1) NASA (1) Negro (1) Observatório do Planeta (1) Olhar Estrangeiro (1) Para onde vai a América Latina (1) Planeta (1) ProUni (1) RESOLUÇÃO DO ENEM; Geografia no ENEM 2010 (1) Racismo (1) Resultado final das eleições 2010 (1) Silvio Caccia Bava (1) Solimôes (1) Super size me (1) Terra no Limite (1) Unknow (1) Visitantes (1) Zelaya (1) agrotóxicos (1) alimentos contaminados (1) anamorfose (1) aquecimento global (1) artigo (1) bola murcha (1) cartas de presos (1) chacina (1) consumo (1) democratização (1) desastres naturais (1) deslizamento (1) dicionario (1) dossiê gambá (1) download (1) edição 31. (1) eleições (1) ensino superior (1) escorregamento (1) escorregamento. (1) explosão demográfica (1) glossario de geografia (1) melhores do Enem (1) mentiras midiáticas. (1) monografia (1) movimento tangencial (1) mudança climática (1) os nossos desastres naturais (1) piores do Enem (1) placas tectônicas (1) preconceito racial (1) presos (1) presídios (1) redução do desmatamento na Amazônia (1) solifluxão (1) solifluxão. (1) superpopulação (1) tectonismo (1) temperatura (1) terremoto. (1) tragédia anunciada (1) vergonha nacional (1)

Pesquisar este blog

Pesquisar na Web

Pesquisa personalizada

Resultado da Pesquisa

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Reprodução - Luiz Eduardo Soares: A crise no Rio e o pastiche midiático


Luiz Eduardo Soares: A crise no Rio e o pastiche midiático: "Sempre mantive com jornalistas uma relação de respeito e cooperação. Em alguns casos, o contato profissional evoluiu para amizade. Quando a..."


Sempre mantive com jornalistas uma relação de respeito e cooperação. Em alguns casos, o contato profissional evoluiu para amizade. Quando as divergências são muitas e profundas, procuro compreender e buscar bases de um consenso mínimo, para que o diálogo não se inviabilize. Faço-o por ética –supondo que ninguém seja dono da verdade, muito menos eu--, na esperança de que o mesmo procedimento seja adotado pelo interlocutor. Além disso, me esforço por atender aos que me procuram, porque sei que atuam sob pressão, exaustivamente, premidos pelo tempo e por pautas urgentes. A pressa se intensifica nas crises, por motivos óbvios. Costumo dizer que só nós, da segurança pública (em meu caso, quando ocupava posições na área da gestão pública da segurança), os médicos e o pessoal da Defesa Civil, trabalhamos tanto –ou sob tanta pressão-- quanto os jornalistas.
Digo isso para explicar por que, na crise atual, tenho recusado convites para falar e colaborar com a mídia:
(1) Recebi muitos telefonemas, recados e mensagens. As chamadas são contínuas, a tal ponto que não me restou alternativa a desligar o celular. Ao todo, nesses dias, foram mais de cem pedidos de entrevistas ou declarações. Nem que eu contasse com uma equipe de secretários, teria como responder a todos e muito menos como atendê-los. Por isso, aproveito a oportunidade para desculpar-me. Creiam, não se trata de descortesia ou desapreço pelos repórteres, produtores ou entrevistadores que me procuraram.
(2) Além disso, não tenho informações de bastidor que mereçam divulgação. Por outro lado, não faria sentido jogar pelo ralo a credibilidade que construí ao longo da vida. E isso poderia acontecer se eu aceitasse aparecer na TV, no rádio ou nos jornais, glosando os discursos oficiais que estão sendo difundidos, declamando platitudes, reproduzindo o senso comum pleno de preconceitos, ou divagando em torno de especulações. A situação é muito grave e não admite leviandades. Portanto, só faria sentido falar se fosse para contribuir de modo eficaz para o entendimento mais amplo e profundo da realidade que vivemos. Como fazê-lo em alguns parcos minutos, entrecortados por intervenções de locutores e debatedores? Como fazê-lo no contexto em que todo pensamento analítico é editado, truncado, espremido –em uma palavra, banido--, para que reinem, incontrastáveis, a exaltação passional das emergências, as imagens espetaculares, os dramas individuais e a retórica paradoxalmente triunfalista do discurso oficial?
(3) Por fim, não posso mais compactuar com o ciclo sempre repetido na mídia: atenção à segurança nas crises agudas e nenhum investimento reflexivo e informativo realmente denso e consistente, na entressafra, isto é, nos intervalos entre as crises. Na crise, as perguntas recorrentes são: (a) O que fazer, já, imediatamente, para sustar a explosão de violência? (b) O que a polícia deveria fazer para vencer, definitivamente, o tráfico de drogas? (c) Por que o governo não chama o Exército? (d) A imagem internacional do Rio foi maculada? (e) Conseguiremos realizar com êxito a Copa e as Olimpíadas?
Ao longo dos últimos 25 anos, pelo menos, me tornei “as aspas” que ajudaram a legitimar inúmeras reportagens. No tópico, “especialistas”, lá estava eu, tentando, com alguns colegas, furar o bloqueio à afirmação de uma perspectiva um pouquinho menos trivial e imediatista. Muitas dessas reportagens, por sua excelente qualidade, prescindiriam de minhas aspas –nesses casos, reduzi-me a recurso ocioso, mera formalidade das regras jornalísticas. Outras, nem com todas as aspas do mundo se sustentariam. Pois bem, acho que já fui ou proporcionei aspas o suficiente. Esse código jornalístico, com as exceções de praxe, não funciona, quando o tema tratado é complexo, pouco conhecido e, por sua natureza, rebelde ao modelo de explicação corrente. Modelo que não nasceu na mídia, mas que orienta as visões aí predominantes. Particularmente, não gostaria de continuar a ser cúmplice involuntário de sua contínua reprodução.
Eis por que as perguntas mencionadas são expressivas do pobre modelo explicativo corrente e por que devem ser consideradas obstáculos ao conhecimento e réplicas de hábitos mentais refratários às mudanças inadiáveis. Respondo sem a elegância que a presença de um entrevistador exigiria. Serei, por assim dizer, curto e grosso, aproveitando-me do expediente discursivo aqui adotado, em que sou eu mesmo o formulador das questões a desconstruir. Eis as respostas, na sequência das perguntas, que repito para facilitar a leitura:
(a) O que fazer, já, imediatamente, para sustar a violência e resolver o desafio da insegurança?
Nada que se possa fazer já, imediatamente, resolverá a insegurança. Quando se está na crise, usam-se os instrumentos disponíveis e os procedimentos conhecidos para conter os sintomas e salvar o paciente. Se desejamos, de fato, resolver algum problema grave, não é possível continuar a tratar o paciente apenas quando ele já está na UTI, tomado por uma enfermidade letal, apresentando um quadro agudo. Nessa hora, parte-se para medidas extremas, de desespero, mobilizando-se o canivete e o açougueiro, sem anestesia e assepsia. Nessa hora, o cardiologista abre o tórax do moribundo na maca, no corredor. Não há como construir um novo hospital, decente, eficiente, nem para formar especialistas, nem para prevenir epidemias, nem para adotar procedimentos que evitem o agravamento da patologia.  Por isso, o primeiro passo para evitar que a situação se repita é trocar a pergunta. O foco capaz de ajudar a mudar a realidade é aquele apontado por outra pergunta: o que fazer para aperfeiçoar a segurança pública, no Rio e no Brasil, evitando a violência de todos os dias, assim como sua intensificação, expressa nas sucessivas crises?
Se o entrevistador imaginário interpelar o respondente, afirmando que a sociedade exige uma resposta imediata, precisa de uma ação emergencial e não aceita nenhuma abordagem que não produza efeitos práticos imediatos, a melhor resposta seria: caro amigo, sua atitude representa, exatamente, a postura que tem impedido avanços consistentes na segurança pública. Se a sociedade, a mídia e os governos continuarem se recusando a pensar e abordar o problema em profundidade e extensão, como um fenômeno multidimensional a requerer enfrentamento sistêmico, ou seja, se prosseguirmos nos recusando, enquanto Nação, a tratar do problema na perspectiva do médio e do longo prazos, nos condenaremos às crises, cada vez mais dramáticas, para as quais não há soluções mágicas.
A melhor resposta à emergência é começar a se movimentar na direção da reconstrução das condições geradoras da situação emergencial. Quanto ao imediato, não há espaço para nada senão o disponível, acessível, conhecido, que se aplica com maior ou menor destreza, reduzindo-se danos e prolongando-se a vida em risco.
A pergunta é obtusa e obscurantista, cúmplice da ignorância e da apatia.
(b) O que as polícias fluminenses deveriam fazer para vencer, definitivamente, o tráfico de drogas?
Em primeiro lugar, deveriam parar de traficar e de associar-se aos traficantes, nos “arregos” celebrados por suas bandas podres, à luz do dia, diante de todos. Deveriam parar de negociar armas com traficantes, o que as bandas podres fazem, sistematicamente. Deveriam também parar de reproduzir o pior do tráfico, dominando, sob a forma de máfias ou milícias, territórios e populações pela força das armas, visando rendimentos criminosos obtidos por meios cruéis.
Ou seja, a polaridade referida na pergunta (polícias versus tráfico) esconde o verdadeiro problema: não existe a polaridade. Construí-la –isto é, separar bandido e polícia; distinguir crime e polícia-- teria de ser a meta mais importante e urgente de qualquer política de segurança digna desse nome. Não há nenhuma modalidade importante de ação criminal no Rio de que segmentos policiais corruptos estejam ausentes. E só por isso que ainda existe tráfico armado, assim como as milícias.
Não digo isso para ofender os policiais ou as instituições. Não generalizo. Pelo contrário, sei que há dezenas de milhares de policiais honrados e honestos, que arriscam, estóica e heroicamente, suas vidas por salários indignos. Considero-os as primeiras vítimas da degradação institucional em curso, porque os envergonha, os humilha, os ameaça e acua o convívio inevitável com milhares de colegas corrompidos, envolvidos na criminalidade, sócios ou mesmo empreendedores do crime.
Não nos iludamos: o tráfico, no modelo que se firmou no Rio, é uma realidade em franco declínio e tende a se eclipsar, derrotado por sua irracionalidade econômica e sua incompatibilidade com as dinâmicas políticas e sociais predominantes, em nosso horizonte histórico. Incapaz, inclusive, de competir com as milícias, cuja competência está na disposição de não se prender, exclusivamente, a um único nicho de mercado, comercializando apenas drogas –mas as incluindo em sua carteira de negócios, quando conveniente. O modelo do tráfico armado, sustentado em domínio territorial, é atrasado, pesado, anti-econômico: custa muito caro manter um exército, recrutar neófitos, armá-los (nada disso é necessário às milícias, posto que seus membros são policiais), mantê-los unidos e disciplinados, enfrentando revezes de todo tipo e ataques por todos os lados, vendo-se forçados a dividir ganhos com a banda podre da polícia (que atua nas milícias) e, eventualmente, com os líderes e aliados da facção. É excessivamente custoso impor-se sobre um território e uma população, sobretudo na medida que os jovens mais vulneráveis ao recrutamento comecem a vislumbrar e encontrar alternativas. Não só o velho modelo é caro, como pode ser substituído com vantagens por outro muito mais rentável e menos arriscado, adotado nos países democráticos mais avançados: a venda por delivery ou em dinâmica varejista nômade, clandestina, discreta, desarmada e pacífica. Em outras palavras, é melhor, mais fácil e lucrativo praticar o negócio das drogas ilícitas como se fosse contrabando ou pirataria do que fazer a guerra. Convenhamos, também é muito menos danoso para a sociedade, por óbvio.
(c) O Exército deveria participar?
Fazendo o trabalho policial, não, pois não existe para isso, não é treinado para isso, nem está equipado para isso. Mas deve, sim, participar. A começar cumprindo sua função de controlar os fluxos das armas no país. Isso resolveria o maior dos problemas: as armas ilegais passando, tranquilamente, de mão em mão, com as benções, a mediação e o estímulo da banda podre das polícias.
E não só o Exército. Também a Marinha, formando uma Guarda Costeira com foco no controle de armas transportadas como cargas clandestinas ou despejadas na baía e nos portos. Assim como a Aeronáutica, identificando e destruindo pistas de pouso clandestinas, controlando o espaço aéreo e apoiando a PF na fiscalização das cargas nos aeroportos.
(d) A imagem internacional do Rio foi maculada?
Claro. Mais uma vez.
(e) Conseguiremos realizar com êxito a Copa e as Olimpíadas?
Sem dúvida. Somos ótimos em eventos. Nesses momentos, aparece dinheiro, surge o “espírito cooperativo”, ações racionais e planejadas impõem-se. Nosso calcanhar de Aquiles é a rotina. Copa e Olimpíadas serão um sucesso. O problema é o dia a dia.
Palavras Finais
Traficantes se rebelam e a cidade vai à lona. Encena-se um drama sangrento, mas ultrapassado. O canto de cisne do tráfico era esperado. Haverá outros momentos análogos, no futuro, mas a tendência declinante é inarredável. E não porque existem as UPPs, mas porque correspondem a um modelo insustentável, economicamente, assim como social e politicamente. As UPPs, vale dizer mais uma vez, são um ótimo programa, que reedita com mais apoio político e fôlego administrativo o programa “Mutirões pela Paz”, que implantei com uma equipe em 1999, e que acabou soterrado pela política com “p” minúsculo, quando fui exonerado, em 2000, ainda que tenha sido ressuscitado, graças à liderança e à competência raras do ten.cel. Carballo Blanco, com o título GPAE, como reação à derrocada que se seguiu à minha saída do governo. A despeito de suas virtudes, valorizadas pela presença de Ricardo Henriques na secretaria estadual de assistência social --um dos melhores gestores do país--, elas não terão futuro se as polícias não forem profundamente transformadas. Afinal, para tornarem-se política pública terão de incluir duas qualidades indispensáveis: escala e sustentatibilidade, ou seja, terão de ser assumidas, na esfera da segurança, pela PM. Contudo, entregar as UPPs à condução da PM seria condená-las à liquidação, dada a degradação institucional já referida.
O tráfico que ora perde poder e capacidade de reprodução só se impôs, no Rio, no modelo territorializado e sedentário em que se estabeleceu, porque sempre contou com a sociedade da polícia, vale reiterar. Quando o tráfico de drogas no modelo territorializado atinge seu ponto histórico de inflexão e começa, gradualmente, a bater em retirada, seus sócios –as bandas podres das polícias-- prosseguem fortes, firmes, empreendedores, politicamente ambiciosos, economicamente vorazes, prontos a fixar as bandeiras milicianas de sua hegemonia.
Discutindo a crise, a mídia reproduz o mito da polaridade polícia versus tráfico, perdendo o foco, ignorando o decisivo: como, quem, em que termos e por que meios se fará a reforma radical das polícias, no Rio, para que estas deixem de ser incubadoras de milícias, máfias, tráfico de armas e drogas, crime violento, brutalidade, corrupção? Como se refundarão as instituições policiais para que os bons profissionais sejam, afinal, valorizados e qualificados? Como serão transformadas as polícias, para que deixem de ser reativas, ingovernáveis, ineficientes na prevenção e na investigação?
As polícias são instituições absolutamente fundamentais para o Estado democrático de direito. Cumpre-lhes garantir, na prática, os direitos e as liberdades estipulados na Constituição. Sobretudo, cumpre-lhes proteger a vida e a estabilidade das expectativas positivas relativamente à sociabilidade cooperativa e à vigência da legalidade e da justiça. A despeito de sua importância, essas instituições não foram alcançadas em profundidade pelo processo de transição democrática, nem se modernizaram, adaptando-se às exigências da complexa sociedade brasileira contemporânea. O modelo policial foi herdado da ditadura. Ele servia à defesa do Estado autoritário e era funcional ao contexto marcado pelo arbítrio. Não serve à defesa da cidadania. A estrutura organizacional de ambas as polícias impede a gestão racional e a integração, tornando o controle impraticável e a avaliação, seguida por um monitoramento corretivo, inviável. Ineptas para identificar erros, as polícias condenam-se a repeti-los. Elas são rígidas onde teriam de ser plásticas, flexíveis e descentralizadas; e são frouxas e anárquicas, onde deveriam ser rigorosas. Cada uma delas, a PM e a Polícia Civil, são duas instituições: oficiais e não-oficiais; delegados e não-delegados.
E nesse quadro, a PEC-300 é varrida do mapa no Congresso pelos governadores, que pagam aos policiais salários insuficientes, empurrando-os ao segundo emprego na segurança privada informal e ilegal.
Uma das fontes da degradação institucional das polícias é o que denomino "gato orçamentário", esse casamento perverso entre o Estado e a ilegalidade: para evitar o colapso do orçamento público na área de segurança, as autoridades toleram o bico dos policiais em segurança privada. Ao fazê-lo, deixam de fiscalizar dinâmicas benignas (em termos, pois sempre há graves problemas daí decorrentes), nas quais policiais honestos apenas buscam sobreviver dignamente, apesar da ilegalidade de seu segundo emprego, mas também dinâmicas malignas: aquelas em que policiais corruptos provocam a insegurança para vender segurança; unem-se como pistoleiros a soldo em grupos de extermínio; e, no limite, organizam-se como máfias ou milícias, dominando pelo terror populações e territórios. Ou se resolve esse gargalo (pagando o suficiente e fiscalizando a segurança privada /banindo a informal e ilegal; ou legalizando e disciplinando, e fiscalizando o bico), ou não faz sentido buscar aprimorar as polícias.
O Jornal Nacional, nesta quinta, 25 de novembro, definiu o caos no Rio de Janeiro, salpicado de cenas de guerra e morte, pânico e desespero, como um dia histórico de vitória: o dia em que as polícias ocuparam a Vila Cruzeiro. Ou eu sofri um súbito apagão mental e me tornei um idiota contumaz e incorrigível ou os editores do JN sentiram-se autorizados a tratar milhões de telespectadores como contumazes e incorrigíveis idiotas.
Ou se começa a falar sério e levar a sério a tragédia da insegurança pública no Brasil, ou será pelo menos mais digno furtar-se a fazer coro à farsa.
Quem associar pobreza a violência estará, involuntária e inadvertidamente, justificando o procedimento do policial". Disponível em: http://diplomatique.uol.com.br/artigo.php?id=738

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Campeonato Brasileiro, sua bola murchou de vez...


Belo Horizonte, 24 de Novembro de 2010

O campeonato começou a ser campeonato em 2003, e foi como uma Jabulani, em grande estilo. Parecia o resgate, a redenção do nosso futebol. 
Mas, em 2005 a bola já mudara a feição e começava a murchar. Quem não se lembra da anulação de vários jogos para beneficiar o Coríntians? Mesmo assim ainda tiveram que dar o golpe final, assaltando o Internacional em pleno Pacaembú. Naquele ano, o Coríntians que investira quase 100 milhões para montar um time, terminou "campeão", três pontos na frente do Inter; uma vergonha! Nos três anos seguintes, o São Paulo ganhou todos. 
Em 2009, nova armação, com a bola mudando novamente sua cara, mas continuando a perder fôlego. O Grêmio colocou um time reserva no último jogo contra o Flamengo no Maracanã, e pra quê? Para evitar o título do Internacional, mais uma vez! Deu Flamengo, que em 2010, no máximo brigou para não cair para a segunda divisão; coisa que o Coríntians não conseguiu evitar em 2006.
Agora a bola se desfigurou de vez; está um trapo e sem credibilidade. Um juiz decide o jogo Coríntians X Cruzeiro no Pacaembú. É preciso salvar o centenário do clube de maior torcida do Brasil. Em seguida seus rivais dão o troco: São Paulo entrega vergonhosamente o jogo pro Fluminense (4x1 em São Paulo); agora o Palmeiras vai colocar o time reserva em campo no próximo domingo; contra quem? Contra o Fluminense. O técnico diz que nem se lembrava que tem jogo no domingo, né Filipão? Esse resultado vai ser a maior barbada, não do campeonato, mas da história do futebol brasileiro!
O título que já era do Coríntians, desde o assalto no Pacaembú diante do Cruzeiro, agora foi colocado na bandeja do Fluminense, e os juízes nem precisarão ajudar, pois os rivais do Coríntians mesmo se encarregarão do serviço.
Fluminense Campeão Brasileiro de 2010! E a credibilidade do futebol brasileiro está indo pelo ralo, a quatro anos de sediar-mos  pela segunda vez uma Copa do Mundo...
Termino essa digitação com uma frase minha mesmo: "As coisas que não funcionam foram feitas exatamente para não funcionarem. Portanto, elas funcionam perfeitamente".

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Geografia no ENEM 2010 - Resolução



RESPOSTA - A estrutura fundiária representada pelo gráfico evidencia o predomínio do "latifúndio" nas terras brasileiras. Essa grande extensão de terra denuncia, por sua vez, o fenômeno da concentração de terras. Um país com quase 9 milhões de quilômetros quadrados está entre os piores do planeta em distribuição de terras. 53% das terras brasileiras representam latifúndios, ou seja, uma enorme concentração nas mãos de poucos. E esse quadro começou a ser desenhado com a "Lei de Terras" de 1850, onde a coroa deixava claro que "terra, só para quem tivesse dinheiro para comprar". A resposta correta, portanto, é a letra A.




RESPOSTA. A questão abordada por Milton Santos é a modernização também no campo. E isso se fez ocorrer, no Brasil, principalmente a partir da segunda metade do século XX.  É a "revolução verde", que com a implementação de novas técnicas de plantios, uso de insumos e defensivos agrícolas e mecanização da produção, fez com que a produção no campo se desenvolvesse espetacularmente, inclusive devido ao aumento do aproveitamento de solos menos férteis, como os das áreas dos cerrados, por exemplo. A alternativa correta, portanto, é a letra B.



RESPOSTA. Os lixões apresentam dois grandes problemas: o ambiental e o de saúde pública (inclusive exposto na questão). Para a saúde pública a questão é tão ou mais grave ainda. Esses locais propiciam realmente a proliferação de insetos e roedores transmissores de moléstias as mais variadas; isso sem contar a contaminação de solos e mananciais pelo chorume. Portanto, a letra B representa melhor a abordagem da questão.



RESPOSTA. Essa questão aborda os estágios da produção industrial. Logicamente que um é considerado a evolução produtiva do outro. No caso, o primeiro estágio é o "artesanato", que vigorou até o advento da Revolução Industrial, na segunda metade do século XVIII. Ressalte-se aqui que o "artesanato" jamais foi extinto, o que ouve foi a perda do predomínio, ao longo do tempo, dessa forma produtiva. A questão enfatiza exatamente o primeiro estágio de produção, ou seja, o "artesanato", onde uma única pessoa, o "artesão", elabora todo o processo de confecção de um determinado produto; além do mais, não o produz em série. O artesão geralmente trabalha em sua própria casa, fazendo uso de suas próprias ferramentas e não emprega máquinas.
No segundo estágio, esse que já passa a predominar a partir da Revolução Industrial, a produção já passa a ser em série e e semi-padronizada; as tarefas (etapas) já passam a ser divididas, visando a produção em massa. No terceiro estágio, a maquinofatura, o trabalhador já se sujeita, na fábrica, ao funcionamento da máquina; deixa de ser artesão e passa à condição de "operário", ou seja, um mero operador de máquina. É o auge da Revolução Industrial. Nesse estágio a produção em massa, em série e padronizada, evolui para sua forma Taylorista, para principalmente atingir a máxima eficiência no processo produtivo com maior economia de tempo. Dito isso, a alternativa que melhor representa o primeiro estágio da produção industrial é a letra B.



RESPOSTA. História e Geografia se fundem nesta questão. Se a História entra com a narrativa, a Geografia com a localização do conflito. Por isso essas ciências estão sempre  tão próximas, a ponto de questionar-mos se a questão não seria de História ao invés de Geografia. De qualquer modo, é preciso ter um conhecimento básico sobre o que fora a chamada "Guerra do Contestado". A datação exposta na questão nos ajuda bastante, uma vez que dá para perceber se tratar do período chamado de "República Velha", aquela instaurada no final do século XIX e vigente até os anos 1930 do século seguinte. Esse período foi marcado por conflitos civis sangrentos - gerados por constantes intervenções militares -  entre a República e as regiões que se levantavam contra as ordens dos marechais e coronéis que governavam o país em nome das oligarquias dominantes. Canudos, no final do século XIX e o Contestado, no início do século XX, foram exemplos relativamente semelhantes desses conflitos com origens messiânicas e político-econômicas que dominaram essa fase da nossa história. O fato é que existia nessa região grandes florestas, com abundância de madeira e erva-mate, produtos explorados por posseiros e pequenos fazendeiros locais, configurando uma comercialização tradicional  desses produtos na região. Veio então a construção de uma ferrovia, que ligaria os estados do Rio Grande do Sul e São Paulo, e que desapropriara os moradores locais. Um grande corredor fora construído no local, devastando as terras e matas, desarticulando a economia local e expulsando os posseiros da região, sem qualquer ato indenizatório. A desapropriação e o desemprego gerados pela construção da ferrovia, aliado à mobilização dos antigos moradores locais, principalmente pela orientação do monge messiânico José Maria, acabou levando à intervenção do estado na região, gerando um conflito que teria durado pelo menos quatro anos (entre 1912 e 1916), só terminado quando o último resistente fora capturado. A alternativa que melhor representa os efeitos dessa construção da ferrovia na região, e que teriam levado à eclosão do conflito, é a letra C.


RESPOSTA. Temos aqui uma bela questão envolvendo localização através de uma "coordenada geográfica", importante ferramenta da cartografia. A alternativa A está errada, pois a relação estabelecida entre distância real e distância num mapa é a "escala", não a coordenada geográfica. O item B também está errado, pois além de não ser o registro citado, os paralelos é que são horizontais, enquanto que os meridianos - linhas tão imaginárias quanto os paralelos - são verticais e convergem nos pólos. O item D também está errado, além do mais, ocorre o inverso do que foi dito: latitude é a distância em graus entre um ponto qualquer e a linha do Equador, enquanto que longitude é a distância em graus entre um ponto qualquer e o meridiano de Greenwich. O item correto portanto é o C, pois coordenada geográfica de fato é essa informação de um conjunto de linhas imaginárias (paralelos e meridianos) que entrecruzadas permitem localizar, com precisão, um ponto ou acidente geográfico na superfície terrestre.


RESPOSTA - O tipo de rocha onde são encontrados os fósseis (restos de animais e plantas litificados) é a sedimentar, derivada da acumulação de fragmentos (sedimentos) de outras rochas, pré-existentes, erodidas. Este tipo de rocha forma-se pela deposição e compactação de grãos de argila, areia e seixos nas bacias sedimentares. Pode formar-se também pelo acúmulo de restos de animais e plantas. As rochas sedimentares geralmente apresentam estrutura em camadas (estratos). Exemplos de rochas sedimentares são o Calcarenito, o Fossilito, o Arenito, o Argilito e o Conglomerado. Vale ressaltar que o período Jurássico, que presumivelmente durou de 208 a 144 milhões de anos atrás, foi o de maior diversidade de répteis da história do planeta. Nele, onde o clima era quente e estável, com poucas variações latitudinais e sazonais,  surgiram gêneros modernos de muitas gimnospermas e de angiospermas evoluídas, além das primeiras aves. O esquema, que apresenta duas camadas intermediárias de rochas sedimentares, que preenchem, ao longo das eras, grandes bacias de mesmo nome. E são nessas rochas que são depositados, juntamente com sedimentos de outras rochas, restos de animais e plantas litilizados, evidenciando formas de vida remota. Portanto, a alternativa B é que representa melhor a questão.


A questão retrata uma encosta desprotegida e com avançado estado de degradação. E essa degradação, na maioria das vezes, resulta do manejo inadequado do solo, sendo portanto, quase sempre resultado de ação antrópica. Mesmo que no caso da figura acima o processo esteja ocorrendo de forma natural, o homem pode acelerá-lo. Como o solo já se encontra exposto, portanto desprotegido, promover uma aração do topo ao vale, com certeza vai acelerar ainda mais o processo de erosão já apresentado, pois a terra removida é mais propícia a ser transportada, via erosão, que aquela agregada, compactada. Portanto, a alternativa D é a que responde melhor a questão. Vale ressaltar que dentre os itens apresentados na questão, o sistema de Plantio Direto é menos degradante, pois o mesmo consiste em manter o solo na sua condição atual, sem remoção da vegetação e sem a utilização de técnicas de preparo como a aração e a gradagem, propiciando um menor risco de erosão. A implementação do plantio em curvas de nível também ajuda na conservação de solos,  principalmente os mais acidentados, pois o plantio é feito respeitando as inclinações do terreno, evitando o acumulo de água na superfície amenizando os riscos de erosões.


O homem tem por hábito se estabelecer em áreas próximas a rios, córregos e lagos, e isso remonta há milênios. Sabemos que os rios de planícies, principalmente, apresentam áreas inundáveis em seus entornos: são as várzeas. Erosões de encostas próximas a cursos de água, leva os sedimentos para o leito dos rios, na maioria das vezes pela água das chuvas (enxurrada). Os sedimentos depositados nos leito levam ao assoreamento gradativo do curso d'água, tornando o escoamento lento devido à diminuição da capacidade da vazão. Por isso, um dos reflexos do assoreamento dos leitos fluviais na vida cotidiana das grandes cidades, está corretamente representado na alternativa A, ou seja, a maior ocorrência de enchentes devido à incapacidade de rios assoreados em comportar grandes volumes d'água em seus leitos. As demais alternativas são incoerentes com a questão abordada, uma vez que a contaminação e disseminação de doenças entre as populações das cidades ribeirinhas se faz nas áreas inundadas, porém através de fezes e urinas humanas e de animais principalmente, o que nos leva a descartar as alternativas B e E. A alternativa C também está errada, pois uma redução do escoamento da água das chuvas na encosta não provocaria, e sim atenuaria o desgaste de solos. Por fim a alternativa D é também incorreta, pois processo erosivo e escoamento de água nada tem a ver com aumento de disponibilidade de água potável, tão pouco facilita a sua  captação.


O foco principal dessa questão é a chamada "Revolução Industrial" e seus efeitos sobre as condições do trabalhador nas cidades industriais inglesas. Diante das alternativas oferecidas fica fácil resolver a questão até mesmo por exclusão. Planejamento urbano é uma coisa que não houve no período citado. As cidades inglesas não foram preparadas para receber os trabalhadores que chegavam a todo instante para se instalar e trabalhar nas fábricas. Conseqüência disso: péssimas condições de trabalho, alojamento, saúde, higiene e transporte, além da extrema exploração dos operários com baixos salários e extensas jornadas. Portanto, a única alternativa que representa essas condições vividas pelos operários nas grandes cidades inglesas é a letra E.


A expressão BRIC de fato faz menção aos quatro países emergentes que mais crescem na economia mundial atualmente. Brasil, Rússia, Índia e China "lideram a retomada do crescimento global após a crise, entre 2008 e 2009, ter abalado as estruturas financeiras dos países mais desenvolvidos" (VÍSIA & COSTA, 2010). E esses países são os que apresentam maior potencial para futuramente figurarem entre as maiores potências econômicas do planeta. Embora apresentem características econômicas promissoras para as próximas décadas, cultural e politicamente são bem diferenciados; a China, por exemplo, vive um "comunismo de mercado" sob a tutela do Partido Comunista Chinês que governa o país desde a sua revolução socialista de 1949. Os índices de desigualdade social é que são altos nesses países, não os de igualdade, como menciona a alternativa C. Somente na Índia, mais de 600 milhões de pessoas vivem abaixo da linha de pobreza. Outro fator, base tecnológica, está aquém dos países mais desenvolvidos; havendo ainda muita dependência tecnológica no grupo. Mesmo com alguma diversidade ambiental em países como Brasil e China, isso não serve de subsídio para uma propulsão da economia global, uma vez que a sustentabilidade é o assunto da vez no desenvolvimento econômico mundial. Assim, a alternativa correta da questão é a letra A.
Leia mais sobre o assunto em: VÍZIA, BRUNO de & COSTA, GILBERTO. O tempo do BRIC Artigo escrito na Revista Desafios do Desenvolvimento, IPEA, edição março/abril de 2010. Disponível em: http://desafios2.ipea.gov.br/sites/000/17/edicoes/60/pdfs/rd60not03.pdf.


A formalização do Tratado de Petrópolis não culminou na indenização ao Brasil e sim à Bolívia, detentora do território compreendido. Outro fato é o sindicato internacional Bolivian Syndicate ter assumido o controle da região para intermediar o conflito. Em momento algum esse sindicato teria prestado qualquer auxílio aos brasileiros, grande maioria dos ocupantes da área em litígio. Vale ressaltar ainda que a indenização não foi paga pelos emigrantes brasileiros e sim pelo próprio Brasil, para um desfecho pacífico do litígio. Na época, a atuação diplomática do Barão do Rio Branco foi considerada decisiva para a celebração do acordo. Visto isso, a alternativa que melhor responde a questão é a letra C, pois a grande presença de seringueiros brasileiros no território foi um motivo fundamental para a compra da área pelo Brasil.


A questão da Usina de Belo Monte, no rio Xingu, norte do Pará, não é somente indígena mas principalmente ambiental. A própria população indígena da região carrega no conflito sua preocupação ambiental. Portanto, a alternativa D já podemos excluir. Mão de obra especializada na região não existe, logo a letra E também está errada. Existem recursos, tanto para realização das obras quanto para indenização pela desapropriação, portanto, a letra C também está incorreta. Os rios do Norte e Nordeste tem potencial hidrelétrico muito inferior aos do Sul e Sudeste, por exemplo, por correrem por terras menos acidentadas, portanto mais planas; por esse motivo a letra A também está errada. Assim, a letra B é que responde melhor ao enunciado da questão.


O chamado "Projeto Grande Carajás", ou PGC, implantado no final da década de 1970, engloba não somente o desenvolvimento da região amazônica, na sua porção oriental, mas também a exploração da maior jazida de minério de ferro do planeta; exploração hoje feita tão somente pela Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), uma multinacional do setor de mineração. A ferrovia mencionada é a via de escoamento de todo minério extraído na jazida, se estendendo por mais de 900 km, do norte do Pará ao porto de São Luís no Maranhão. Concluindo, a importância estratégica dessa porção do território brasileiro, ou seja, o extremo norte do país, é de fato a sua grande capacidade de produção de minerais metálicos, hoje explorados pela ex-estatal CVRD. Portanto, a alternativa correta é a letra C.


O império inca apresentava uma estrutura social com clara divisão de classes e funções, não apresentando, portanto, mobilidade social significativa. Existia também uma aristocracia dominante de caráter hereditário, onde o império era sempre passado de mãos em mãos entre parentes consangüíneos.  Possuíam uma população urbana de médicos, arquitetos, artistas e outros tipos de profissionais liberais, e apresentavam uma arquitetura desenvolvida com algumas construções em forma de trapézio. Apresentavam também uma população rural de camponeses e trabalhadores agrícolas, onde eram recrutados os Mitayos para trabalharem nos centros urbanos exercendo "funções menores" nos correios e na construção civil. Diante do que foi exposto, podemos deduzir que a alternativa E responde melhor o enunciado.


O avanço do agronegócio, sobre as já reduzidas reservas indígenas no cerrado brasileiro, é o principal foco de tensão de caráter socioambiental na região central do país. A expansão devastadora da monocultura de grãos, principalmente no Mato Grosso onde estão confinados os Xavantes, tem se tornado uma preocupação para os índios, para os ambientalistas e para os nossos governantes. O mais importante é que, de concreto, pouco tem sido feito pelo estado para amenizar ou  simplesmente resolver a questão. Diante do exposto, somente a letra A responde melhor a questão.



































domingo, 14 de novembro de 2010

Eleições 2010 - Uma análise de números, uma revisão de fatos


Por Marlucio Bortoloto

No último dia 31 de outubro, brasileiros natos e naturalizados foram às urnas escolher o comando maior de nossa nação. Dos quase 136 milhões de eleitores aptos, 78,50% voltaram às seções no segundo turno para definirem uma ideologia gestora para os próximos quatro anos. Se considerar-mos que o segundo turno se deu numa véspera de feriado, o número menor de comparecimento (cerca de 4%) em relação ao primeiro turno esteve dentro do tolerável. Votos brancos/nulos no segundo turno somaram 7 milhões (6,70%), mas o que nos chama mesmo a atenção é o número de eleitores que simplesmente não compareceram às seções onde estavam inscritos: 29.197.152 (21,50%). Quase 30 milhões de eleitores rejeitaram ou se viram pouco interessados nos dois candidatos finalistas do pleito: é o peso da "democracia representativa", onde você escolhe entre as opções oferecidas, não indicadas por sua própria vontade ou consciência. Vale ressaltar ainda que no Brasil o voto é obrigatório desde 1932; ainda assim, a abstenção de quase um quarto do eleitorado nos assusta. Não dá para imaginar, ainda, o voto facultativo neste país - o artigo "Voto obrigatório e eqüidade, um estudo de caso" de Luzia Helena Herrmann de Oliveira (http://www.scielo.br/scielo.php?pid=s0102-88391999000400016&script=sci_arttext) ilustra bem essa situação - é que o engajamento populacional pelas organizações políticas ainda é incipiente, aqui como em todo canto do planeta, e a desmobilização em participar do processo eleitoral é esmagadoramente maior entre os menos favorecidos social e economicamente. É que entre os mais pobres, como destaca Luzia Helena Herrmann, encontram-se os indivíduos menos informados e, conseqüentemente, menos politizados.

Transferência de votos

Se o resultado final premiou a candidata Dilma Rousseff, eleita "primeira presidenta" do Brasil, com 56,05% dos votos válidos, o candidato derrotado tem algo a comemorar. José Serra teve mais votos agregados no segundo turno (10.579.105) do que Dilma (8.101.095). O fenômeno da "transferência de votos" favoreceu Serra, que levou no segundo turno quase 2 milhões e meio de votos a mais que a concorrente. Se não foi suficiente para reverter o quadro, foi um alento, sem dúvida. 
Mas, de onde vieram os votos transferidos para os dois candidatos? Os votos transferidos de um turno ao outro somaram 18.680.200. Foram 10.579.105 para Serra e 8.101.095 para Dilma. Já se sabe que a candidata do PV, Marina Silva, obteve no primeiro turno 19.636.359 de votos, e que a mesma optou pela neutralidade ao não declarar apoio a algum candidato do segundo turno. Logo, seus eleitores puderam escolher livremente o que fazer do seu voto no segundo turno. Como Serra ganhou 2.478.010 de votos a mais que Dilma no segundo turno, é fácil concluir quem abocanhou mais votos de Marina, ressaltando que grande parte dos eleitores de Marina Silva são de classe-média e classe-média alta sensibilizados com a causa ambiental. Para reforçar este raciocínio basta considerar que em 19 grandes cidades onde Marina venceu no primeiro turno, 12 delas Serra superou Dilma, incluindo Belo Horizonte, a única capital, além do Distrito Federal, onde Marina foi mais votada que todos os outros concorrentes. 

Os institutos de pesquisas

Outra luta acirrada ocorreu entre os principais institutos de pesquisa. Data folha, Vox Populi, CNT Sensus e IBOPE, em vários momentos se distanciaram muito em números apresentados. Vale ressaltar que, assim como a grande mídia, eles tem o poder de induzir sim, principalmente o eleitorado indeciso, a votar em determinado candidato. E a diferença nos números apresentados implica dizer que algo fora conduzido de forma manipulada por um, dois ou até mesmo todos eles, o que reduz a credibilidade dessas empresas de pesquisas (ver artigo de Demetrio Magnoli, "Os falsários", na revista Pangea Mundo - http://www.clubemundo.com.br/revistapangea/show_news.asp?ed=1&st=lis ). Mesmo assim vale destacar que no último instante  o que mais se aproximou da realidade final foi o IBOPE - de propriedade do ex-presidente do Botafogo do Rio, Carlos Augusto Montenegro - que no dia 30 de outubro apresentou números idênticos ao que se configurou 24 horas depois na divulgação do resultado final, ou seja, acertou na mosca. Vale ressaltar que na pesquisa de "boca de urna", apresentada pelo IBOPE no dia da eleição, os números eram 57% para Dilma e 43% para Serra, o que apontava uma diferença de 14 pontos, o que pela margem de erro poderia se transformar em 12 ou 16 pontos pró Dilma. Perfeitamente aceitável.
O resultado final do pleito apresentou Dilma com 56,05% e Serra com 43,95% dos votos válidos. O IBOPE  apontava em 30 de outubro 56% a 44% respectivamente, um acerto incrível.

Performance regional dos finalistas

Se no primeiro turno Dilma vencera em todas as regiões, no segundo ela só foi superada por Serra em duas delas: Sul e Centro-Oeste. Ainda assim, a diferença pró Serra só fora significativa, em termos percentuais, no Sul, predominantemente branco, do país (7,78%). No Centro-Oeste, onde predominam a agroindústria (soja, principalmente), a pecuária (com o maior rebanho bovino do país) e as grandes extensões de terras, inclusive devastadas em mais de 80%, ouve praticamente um empate técnico, pois Serra obteve apenas 129 mil votos a mais. Nas demais regiões Dilma saiu-se vencedora, inclusive no maior reduto tucano, o Sudeste, o grande termômetro das eleições presidenciais, desde a retomada das eleições diretas. No Nordeste, região menos desenvolvida do país, Dilma obteve ampla vantagem (70,58%), recebendo quase 11 milhões de votos a mais que Serra. 


A Mídia Nacional no contexto eleitoral

É sabido que a grande mídia nacional, liderada pelas Organizações Globo, Editora Abril (com a revista Veja), Jornal O Estado de São Paulo, além da Folha de São Paulo, abraçaram sem o menor acanhamento a candidatura do tucano José Serra (ver artigo de Tatiane Mendes - http://www.fazendomedia.com/a-vitoria-de-dilma-e-as-novas-vozes-do-pais/). Sempre afagado por esses veículos de manipulação e distorção de opinião (ver editorial do sítio Fazendo Média - http://www.fazendomedia.com/editorial/), Serra se sentiu à vontade, principalmente para atacar sua principal rival, se abdicando de apresentar um conciso "programa de governo". Escândalos e mais escândalos foram divulgados a todo instante por esses veículos, sempre direcionados à desqualificação da candidata da situação. A revista Veja, a mais vendida no país entre as classes A e B, em momento algum retrocedeu no massacre à candidatura petista, como fez aliás, durante todo o governo Lula. Em contrapartida, Dilma obteve o apoio de revistas menos divulgadas de esquerda como "Caros Amigos" e "Carta Capital", além dos inúmeros blogs que denunciavam a todo instante as supostas armações da grande mídia em favor de Serra. O mais importante é que o eleitorado soube filtrar tudo isso, e levou de proveito somente aquilo que sua consciência assimilou como verdade. A luta na mídia, foi desigual; beneficiando muito mais a um candidato, em detrimento de outros. Essa mobilização em torno de uma candidatura, por parte da grande mídia, foi inclusive notícia internacional (ver Correio Internacional - http://www.courrierinternational.com/article/2010/09/30/une-presse-tres-remontee-contre-lula ), e é alvo de críticas severas, como as de Emir Sader em "Para nos informarmos melhor" (http://www.cartamaior.com.br/templates/postMostrar.cfm?blog_id=1&post_id=98).



A governabilidade

De uma coisa a candidata eleita Dilma Rousseff não deverá reclamar: da governabilidade. Ele terá nas mãos um trunfo que seu antecessor não teve, uma base aliada forte. Dos 513 deputados eleitos na Câmara Federal, 307 formam a base do governo (PT-PRB / PDT / PT / PMDB / PTN / PSC / PR / PTC / PSB / PC do B). No Senado, 61 dos 81 senadores também são da base de apoio da nova governante do país; o que implica dizer que ela não terá dificuldades tanto para promover as reformas que desejar como seus projetos de Lei, o que a torna uma privilegiada, se comparada ao governo Lula. Podemos dizer sim: Ela tem a faca e o queijo nas mãos, e só não fará sucesso se não quiser ou não souber se articular.




Referências


MENDES, Tatiane. A VITÓRIA DE DILMA E AS NOVAS VOZES DO PAÍShttp://www.fazendomedia.com/a-vitoria-de-dilma-e-as-novas-vozes-do-pais/.

OLIVEIRA, Luzia Helena Herrmann de. Voto obrigatório e eqüidade - Um estudo de caso. São Paulo Perspec. [online].. 1999, vol.13, n.4, p. 144-152 doi.: ISSN 0102-8839 10.1590/S0102-88391999000400016. 











quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Milton Santos - Homenagem do mês

Sonhos e lutas de um cidadão do mundo*


 De sua trajetória fica a lição de que "o sonho obriga o ser humano a pensar".





* Homenagem prestada ao grande ícone da Geografia Humana mundial, Milton Santos, pela edição 65 da revista FENAE AGORA (www.fenae.org.br), de setembro/outubro de 2010. 


terça-feira, 9 de novembro de 2010

Reprodução do mês - O Brasil através do Censo...



Por Luiz Antonio Pinto de Oliveira - Out/2010


Criado no período imperial, os indicadores dos estudos ajudam a conhecer e melhorar o País
Contar a população de um determinado território fosse ele uma municipalidade, capitania, província ou reino, foi desde sempre um desejo e decisão efetiva de variadas autoridades ao longo da história. Conhecer sua população equivalia a conhecer os efetivos que poderiam ser mobilizados para a guerra e os recursos que poderiam ser extraídos em favor dos objetivos dos poderes locais ou centrais. Em perspectiva histórica, as estatísticas e atividades de sistema censitário estão ligadas às primeiras formações dos Estados clássicos na Antiguidade. Eram utilizadas para mensurar e estipular a cobrança de tributos, recrutamento militar, ações administrativas. Sua importância foi, em diversos períodos, fundamental para os poderes existentes, mas não se chegou a formular ou consolidar métodos padronizados e precisos para a contagem e caracterização das populações.
Com a formação dos Estados Nacionais modernos, após a Revolução Industrial, entre os séculos XVIII e XIX, as necessidades das sociedades mais complexas, do comércio mundial e dos objetivos econômicos das nações determinaram um salto de qualidade nas atividades censitárias, que ganharam status científico e metodologias que buscavam refletir a dinâmica do conjunto dos fenômenos sociais. Estavam, a partir daí, maduras as condições para o surgimento- dos sistemas- estatísticos modernos e dos grandes Censos nacionais. Inglaterra, França e Alemanha são precursores.
No Brasil colonial, contagens populacionais foram realizadas sem regularidade ou critérios bem definidos. Também as paróquias católicas tinham enumerações populacionais por meio de seus registros de batismo, sepultamento e casamento.
Durante o Império, momento em que se dá a formação inicial do Estado Nacional e, sobretudo, após a consolidação do governo de dom Pedro II, cogitou-se um levantamento nacional que refletisse, pela primeira vez, um retrato do povo brasileiro. O Brasil era então uma nacionalidade ainda em construção, com sua unidade não inteiramente estabelecida, permeada por processos contraditórios de integração e fragmentação. Após algumas tentativas pioneiras nos anos 1850, o Império criou a Diretoria- Geral de Estatística (DGE) e, em 1872, realizou o primeiro Censo Demográfico geral no Brasil.
Esse levantamento indicou que a população recenseada já se aproximava do patamar de 10 milhões de habitantes. Os níveis educacionais eram extremamente baixos: cerca de 80% de analfabetos. As populações residentes nas atuais regiões Sul, Norte e Centro-Oeste eram pouco numerosas. Os principais contingentes demográficos nas províncias chamadas do Norte (atual Nordeste) e no eixo Minas-Rio de Janeiro-São Paulo.
O Censo de 1872 é o único da história que contabiliza o contingente de população escrava, que declinava à época. Ele também introduz a pergunta sobre a cor da população, cujos resultados preocupariam a elite imperial, que, nos anos seguintes, questionariam o destino da nação com base em questões raciais.
Com a Proclamação da República, em sua primeira fase até 1930, foram realizadas mais três Censos gerais, respectivamente em 1890, 1900 e 1920. Na virada do século XX, a população brasileira já ultrapassava os 17 milhões de pessoas, crescendo a taxas elevadas em razão da imigração estrangeira para São Paulo e estados do Sul.
A República Velha, a partir da articulação da política dos governadores, caracterizou-se por um enfraquecimento do poder central a partir da aliança política das elites regionais, sobretudo a mineira e a paulista. Em 1920, a população já superava os 30 milhões.




CRIAÇÃO DO IBGE


A Revolução de 1930 significou uma profunda mudança na organização político-administrativa do Brasil. A ordenação federativa passou a ser bastante centralizada na figura do presidente Getúlio Vargas, que criou diversos instrumentos de política institucional, regulação e intervenção na economia e nas relações sociais. A adoção de políticas econômicas demandava a existência de informações estatísticas regulares e, razoavelmente, atualizadas sobre o Brasil. Nesse sentido, a criação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a partir de 1936, inseriu-se no projeto de um governo central com políticas ativas na direção da integração nacional.
O Censo Demográfico de 1940, o primeiro realizado sob a égide do IBGE, inaugurou a era moderna dos Censos no País. Sua preparação contou com a participação de profissionais qualificados, membros de uma renovada carreira de servidores públicos. A relação de questões investigadas inclui quesitos sobre as componentes demográficas (nascimentos e mortes), origem migratória, condições socioeconômicas (domicílio, educação, mão de obra) aspectos ligados ao território e nacionalidade (línguas faladas, por exemplo) e outras que fornecem informações para políticas públicas e regionais. A partir daí, dispõe-se de uma série censitária (decenal) das medidas demográficas, que se tornaram os índices oficiais de população no Brasil. O Censo de 1940 acabou tornando-se exemplo para Censos em outros países, especialmente na América Latina. A pesquisa de 1940 também revelou que quase 70% da população do Brasil, que chega a 41 milhões de pessoas, vivia em áreas rurais. A população do estado de São Paulo ultrapassou a de Minas Gerais.
Nos anos seguintes, as atividades censitárias tomaram mais impulso com a implantação da série dos Censos econômicos (indústria e comércio) e agropecuária.




ERA JK



Nos anos 50, o modelo desenvolvimentista do presidente Juscelino Kubistchek afirmou-se no País, com uma clara hegemonia das frações urbano-industriais na arena das decisões políticas e econômicas. A fundação da nova capital, Brasília, canalizou parte dos vários movimentos e fluxos no sentido da “marcha para o Oeste”, revelando ao Brasil todo a emergência e a diversidade de novos espaços demográficos, culturais e socioeconômicos.
Nas décadas de 50 e 60 o País toma conhecimento das realidades regionais e os quadros dramáticos do êxodo rural, do latifúndio e da pobreza. As lutas sociais avançam no campo e nas cidades, e a Região Nordeste aparece como problema. Os números do Censo demográfico revelam o quadro dramático das migrações, a identificação do crescimento populacional nas grandes capitais do Centro-Sul e as deficiências de infraestrutura. Paralelamente, políticas desenvolvimentistas reforçam o parque industrial localizado na Região Sudeste, sobretudo, em São Paulo, e contribuem para exercer um poder ainda maior de atração de migrantes vindos do Norte-Nordeste e Minas Gerais.
Segundo o Censo de 1960, a população rural ainda era superior à urbana (55,3%), mas já indicava que a população urbana seria maior até o Censo de 1970 – de fato, 55,9% da população brasileira já residia em áreas urbanas na virada da década.
A controvérsia sobre a distribuição de renda, talvez seja o ponto mais lembrado do Censo de 1970. A repetição da pergunta sobre os rendimentos feita em 1960 e a comparação dos dois pontos temporais, estabeleceu um amplo e abrangente debate sobre as políticas econômicas e sociais e os processos de distribuição e concentração de renda no Brasil. Em tempo de regime militar, os resultados geraram debates centrados nos aspectos perversos da concentração de renda. Surgiram questionamentos e criou-se o pilar para a construção de cenários para um futuro social politicamente mais justo.
O progressivo esvaziamento político do regime militar, iniciado em fins dos anos 70, representou um deslocamento do foco de atenção das políticas de Estado. Nos “anos de chumbo” e no período desenvolvimentista do governo Ernesto Geisel, as estatísticas eram direcionadas para a produção de dados e indicadores com vistas a um planejamento socioeconômico centralizado.
Já na redemocratização, o IBGE defrontou-se com novas agendas técnicas e temáticas, conjugadas com as exigências democráticas de transparência e acessibilidade. Novos temas foram incorporados à pesquisa. Nos primeiros anos da Nova República, a crise financeira do Estado e a expansão desregulada da globalização fizeram o Brasil mergulhar em situações de crise política e financeira, com acentuada inflação. O IBGE vivenciou dificuldades institucionais, culminando com o adiamento do Censo de 1990 para o ano seguinte. Posteriormente, com a estabilidade monetária e um novo consenso político a partir de 1993/1994, o IBGE regenerou-se.
Importante ressaltar que os Censos de 1980, 1991 e 2000 confirmaram o seu peculiar processo de transição demográfica, com rápido declínio dos níveis de fecundidade e de crescimento demográfico, aumento da esperança de vida, redução do tamanho da família e progressivo movimento de envelhecimento populacional.
O retrato do País passou também a caracterizar profundamente questões étnicas e culturais. As informações sobre cor/raça, reintroduzidas em 1980, alimentaram durante as décadas recentes o debate sobre a questão racial no Brasil. Em 1991, foi estabelecida a caracterização específica da população indígena e, na comparação com os resultados do Censo 2000, estudos detalhados foram feitos sobre a evolução dessa população. Da mesma forma, a série censitária recente sobre a opção religiosa dos brasileiros vem revelando o crescimento das religiões- evangélicas e redução dos católicos.
Para o Censo 2010, teremos uma imagem territorial completa do crescimento e distribuição da população brasileira, fundamental para as políticas regionais e setoriais. O País vem crescendo demograficamente a ritmo declinante, com uma taxa hoje ligeiramente superior a 1% ao ano (na década de 50, o crescimento era de 3% ao ano, o que dobrava a população a cada 24 anos) e vários municípios perdem população para os chamados municípios médios e grandes, que são polos de atração por razões econômicas e de oferta de serviços (saúde, educação, cultura, assistência etc.).

O Censo deve mostrar que a taxa de fecundidade é de 1,9 filho por mulher brasileira, abaixo da considerada taxa de reposição da população, que é de 2,1. Foto: Tuca Vieira/Folhapress




Ver artigo de Nelson Olic na revista   Pangea: http://www.clubemundo.com.br/revistapangea/show_news.asp?n=389&ed=4